domingo, 31 de julho de 2011

Tempo


Que a vida passa é verdade.

Como também é verdade que passamos pela vida.

Como um relógio que passa o tempo contando horas.

Horas contamos para passar o tempo.

Preenchemos as nossas horas.

Com trabalho.

Com estudos.

Com conversas.

Com bebidas.

Com drogas.

Com ninharias.

Com porcarias.

E o tempo passa e passamos o tempo com passa-tempos.

E o tempo passa.

E passamos sem marcas.

Sem marcar.

Sem criar algo no tempo.

Que dure, pelo menos, algum tempo.

E quando o tempo, o nosso tempo, termina.

Perguntamos o que fizemos com nosso tempo?

E voltamos para reiniciar o tempo.

E passar o tempo de forma mais proveitosa.

Para nossa alma.

sábado, 30 de julho de 2011

Tola alegria.


Tola alegria.

Que faço se na alegria não encontro inspiração?

Alegria é riso, gargalhada, alheamento em profusão.

Alegria é superficial, leviana, incongruente.

Alegria de criança, de jovem, de velho demente.

Não se pensa na alegria,

Só se sente.

Ela varre as recordações passadas e presentes.

Deixa só o instante alegre na mente.

Tornando-nos tolos alegres, bufões, bobos da corte.

Não há poesia na alegria,

Não há alma,

Não há rima.

Somente um riso aparvalhado

Um ar parvo e bronco.

Contorcendo os lábios em riso frouxo.

Sem nenhum encantamento.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Frescor matinal.


Quem me dera o frescor matinal.
Nas faces ressequidas pelo Sol.
Marcadas pelo tempo.

Quem dera o frescor matinal.
Nas meninas dos olhos.
Sufocada pela poeira da vida.

Quem me dera o frescor matinal.
Nos ossos alquebrados.
Pelas lutas no labor diário.

Quem me dera o fresco matinal.
Na mente e na memória.
Falhas pelo cansaço do pensar nos problemas.

Quem me dera o frescor matinal.
Para sentar-me a areia do mar.
E construir castelos de areias.

Como os construir a vida inteira.
Até que a realidade nua e crua
Como a marola espumante os destruiu.

E não restaram castelos.
Nem sonhos.
Nem frescor da manhã.

Só esperança.
Na morte.
Que faz renasce.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ainda


Ainda.

Ainda não te acho em mim.

Mas, já posso senti a Ti no outro.

Em olhos que me encaram com amor.

Em olhos que me espantam pela dor.

Em olhos que são retratos da fome e miséria.

Em olhos de feras.

Em bocas que bendizem.

Em bocas que maldizem a todos.

Em bocas que não falam por medo.

Em bocas desbocadas e debochadas.

Em mãos prontas para auxilio.

Em mãos postas no ócio.

Em mãos que matam.

Em corpos belos e sensuais.

Em corpos normais.

Em corpos de chagas antinaturais.

Ainda não te acho em mim.

Mas, te busco.

Tu sabes como.

Quando me invades o peito.

E a alma em desvario enlouquece.

E que partir.

Deixar tudo e todos.

Para, se puder, está junto a Ti.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Alegria


Quem sabe a vida traga um dia deste

A alegria que perdi em algum lugar.

Um lugar triste com certeza.

Que lá ela ficou para alegrar.

Quem sabe me lembro onde a deixei.

Minha alegria pura e genuína.

Que tirava dos rostos sóbrios sorrisos.

E encantava todos meninos e meninas.

Quem sabe procurando com cuidado,

Encontro num lugar que nem espero.

Minha alegria, minha pura alma.

Sentada ao meio fio a minha espera.

Enquanto isso peço a que quem ache

Uma alma bela em sorriso.

Avise-me, rapidinho, rapidinho.

Pois, foi minha alegria embora.

E hoje só choro, nada de risos.

sábado, 23 de julho de 2011

Esperas por mim.


Sentava-me na areia para ouvir sua pregação.

Horas e horas pareciam segundos.

Com tua voz de veludo encantava os meus ouvidos.

Teu olhar parecia dirigido a todos e a cada um.

Podia senti-los perscrutando minha alma.

E sorrindo dos meus pequenos pecados.

Alegrava-me tua visita a nossa aldeia.

Tantos te seguiam os passos.

Que não vacilavam.

Que nunca vacilaram.

Perto de Ti devia anjos ter.

Pois, a paisagem se transformava preenchendo-se de mais vida.

O vento trazia perfumes desconhecidos.

E tudo ficava mais leve.

Até as nossas vidas.

Falavas de amor como Tu fosses o próprio.

E assim eu ti sentia.

Puro amor divino.

Caminharia contigo tantas léguas fosse possível.

Mas, Tu se foste.

Para onde eu não posso ir.

Pois, preciso abandonar tantas coisas antes de estar preparada.

Tantas vidas a serem repassadas.

Mas, sei Senhor.

Que com aquele mesmo sorriso, com o olhar amoroso.

Esperas por mim.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Recomeçar




Já não era possível carregar tanta dor comigo.

Todos tinham ido.

Estava só.

Ficaram comigo até o último centavo.

Findo esse. Comigo findaram.

Arrebataram minha casa, meus móveis, meu lar ancestral.

As fazendas, os bois, os cavalos vendidos em leilão.

O banco feito uma fera tresloucada de fome.

Não se saciou.

E nem as jóias da minha amada mãe dele escapou.

Perdi tudo.

Nada tenho.

Os amigos fogem de mim.

Como se algo fosse eu lhes pedir.

Resta-me o fim.

O rio frio.

A morte.

Atiro-me.

A água gelada faz doer meu corpo.

Ouço ao longe a voz desesperada da minha mãe morta.

Não! Filho!

Uma mão se estende em meu salvamento.

Quando da agonia da morte.

Agarro-a e me salvo.

Acordo sem ninguém.

Não há, mas, houve socorro.

Elevo os olhos para céu.

Agradeço a Deus.

E vou recomeçar a vida de novo.

Tenho medo.


Tenho medo...

Da velhice que já chega.

Devagar a minha porta.

Que endurece minhas juntas.

Enruga o meu rosto.

Fragiliza os meus órgãos.

Diminui o que ouço.

Tenho medo...

De não ser mais compreendida.

De me tornar um peso para outros.

De ser uma pedra a se carregar.

Tenho medo...

De não mais conhecer meus filhos.

Esquecer meus netos.

E vaguear pela mente em branco.

Tenho medo Pai...

De esquecer que te amo.

Que te desejo profundamente.

Que sem Ti minha vida será indiferente ao existir ou não existir.

Tenho medo Pai...

De não saber que estás comigo.

De não lembrar do teu amor.

E passar anos e anos lançada ao leito em dor.

Quando podia está junto ao Senhor.

Apieda-te dessa tua filha.

E antes que a velhice me alquebre.

Retira-me dessa vida.

Com tua mão bondosa e amiga.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sem medo.


Sem medo.

Que música te acalenta a dor?

Nenhuma meu Senhor.

Que sonho andas sonhando?

Nada que possas me ofertar.

Que desejas enfim?

Meu amor. Meu par.

E onde ele andará?

No reino da morte está.

Então não o encontrarás!

Engana-te. É só esperar.

Como assim menina moça?

Quando o tempo passar.

Há minha hora chegar.

A foice da morte abater-me.

Do outro lado do véu ele estará.

Esperando-me. Como estou a espera cá.

Então, tu não me temes?

Sendo tu a morte não.

Daí-me então a tua mão.

E seguiremos para o meu reino.

Findando tua solidão.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nada há!



Nada há em ti que se abomine.

Nada que se culpe.

Nenhum tormento.

Nenhum erro.

Nenhum pecado.

Nenhum esquecimento.

Nada há em ti que te macule.

Nada que não seja puro.

Nada que não seja honesto.

Nada que não seja justo.

Nada há em ti que não seja poderoso.

Nada que não seja forte e altivo.

Nada que não seja majestoso.

Nada há em ti que não seja divino.

Nada que não seja maravilhoso.

Nada que não seja ditoso.

Nada há em ti que não comova.

Nada há que não nos toque.

Nada há que não nos faça repensar nossa vida.

Nenhuma palavra ferina.

Nenhum ensinamento vil.

Nenhum fingimento.

Só amor.

Amor puro em todos os momentos.

Sem distinção ou preconceito.

Só perdão e proteção.

Em Ti,

Mestre Jesus.