domingo, 27 de março de 2011

A rosa.



Foi a mais bela rosa vista.

Retiraram-na imediatamente do convívio do jardim.

Separaram-na de suas irmãs não tão ditosas.

Colocaram-na numa redoma de vidro para que não sofresse o abalo dos ventos.

A temperatura era controlada para não lhe fragilizar as pétalas.

E foi a mais bela rosa de todos os tempos.

Sem nenhuma imperfeição.

Viveu o tempo que as rosas vivem.

Amarelou.

Murchou.

Morreu.

Como tudo morre ao seu tempo.

E foi lançada a terra.

Contudo, não viveu.

Não viveu o conviver com suas irmãs.

Não sentiu o perfume de outras rosas.

Não lhes ouviu o burburinho.

Não foi fecundada, não amou.

Não foi acariciada pelos ventos.

Não sentiu a chuva.

Nem o calor do Sol.

Era só mais uma filha da Terra.

Que deveria ter tido liberdade.

Mas, o medo de que fosse ferida e magoada.

Fez com que vivesse seu tempo numa redoma de vidro.

2 comentários:

Runa disse...

Às vezes, perfeição e beldade, não são mais que um empecilho e factor de isolamento e marginalização.
Gostei da reflexão.

Bom fds

Runa

Fernando disse...

Curti muito seu blog. Já estou te seguindo... =)