Se eu pudesse...
Voltaria no tempo.
Em que largas saias usava.
Em blusa de algodão rústico branco.
E de pés descalços caminhava.
Por entre as trilhas dos matagais.
Colhendo flores silvestres para por sobre minha rústica mesa.
Fazia-o ao fim da tarde quando os trabalhos terminavam
E éramos liberados.
Corria para o lugar mais alto da ilha para os rochedos.
E ficava a ver o mar em luta ou brincadeiras com as rochas.
Algumas vezes as baleias vinha a tona com seus filhotes.
E via-lhes os esguinchos fora d’água.
O vento frio quase insuportável do começo de inverno.
Arrepiava minha pele.
Mas, eu ia lá.
O quadro que se me apresentava era inigualável.
O sol que se punha.
A escuridão que chegava.
O cheiro do mar.
A solidão que não incomodava.
A presença de Deus.
Em todo lugar.
Era completa a paz.
O silêncio do barulho.
O silêncio da mente.
Frente o poder criativo do Divino.
Podia sentir o cheiro, todos os cheiros dos campos.
Todos os lírios, todas as margaridas, todo capim quebrado.
Tudo que exalasse algum odor eu podia descriminar.
O som dos esquilos, dos ratos, dos besouros.
O bater das asas das borboletas.
Até que a lua brilhasse no céu eu ali ficava.
Anos bons, vida boa, vida simples.
Que ficou para trás.
Em vida passada que não volta mais.
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