sábado, 19 de fevereiro de 2011

Irmão mais velho.

Irmão.

 
Posso sorrir te vendo assim?

 
Em triste lamentação, tu que és meu irmão.

 
Como abrir largo sorriso se te vejo tão sentido.

 
A vida não te foi leve.

 

Tua cabeça breve esbranquiçou.

 
Tua face se enrugou.
Teu sorriso se apagou.

 
Teu corpo se curvou com o tempo.

 
Teus passos são arrastados.


Teus joelhos não dobram.

 
Teus olhos são apagados.

 
Onde perdesses o brilho da vida.

 
O riso, a piada, a brincadeira.

 

Onde foi tua pressa.


Tua vontade de viver.


Teu corpo já não obedece teu pensar.

 
E vives lento a se arrastar.

 

Vejo-te a janela todas as tardes.

 
A olhar o que já não existe.

 
Parece perdido num tempo distante.

 
Que desapareceu em antigos calendários.

 
Não há mais o que te interesse.

 
Tua mente já dementou.

 
E não sei como chegar a ti.

 
Cuido-te como criança.

 
E minha esperança.

 
E que chegada há tua hora.

 
Determinada por Deus.

 
Vais sem demora.

 
Sem sofrer mais que sofreu.

 
E estarei ao teu lado calado.

 
Fecharei teus olhos irmão amado.

 

Findará para ti esse mundo.

 
E abrirás novas portas.

 
Quando saíres do sonho.

 

E entrares na verdadeira vida.
 

Um comentário:

Runa disse...

Belo e terno, teu poema. O irmão mais velho, é a imagem que um dia os espelhos do tempo reflectirão de nós.

Beijos

Runa