terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Por que?

Anelo ter entre meus dedos os anéis dos teus cabelos.

Poder passar minha mão na fina seda clara que cobre o teu crânio.

E que se estende até a sua cintura.

Onde eu pudesse fazer tranças de ouro.

Ou caracóis enlaçados por amor.



Desejo acaricia a tua face rosada.

Lisa feito mármore branco.

Onde se abrem tuas janelas d’alma.

Que fitam mais do que o que se vê.

Que vê mais do que se mostra.



Anseio ouvir tua voz meiga.

A chamar por todos a tua volta.

Para falar sobre o novo ninho na mangueira.

Os filhotes da gata que nasceram.

Ou a oração noturna aos anjos.



Espero caminhar contigo pelos jardins.

E colher flores frescas e aromáticas.

Andar a margem do riacho.

E molhar os pés.



Quero abraçar-te.

E sentir o calor do teu copo.

E no meu peito ouvir o teu.

A tua respiração tranqüila.

O teu braço entrelaçado ao meu.



Não devia os pais enterrar os filhos.

Não devia ser essa saudade eterna.

Não devia ser essa dor medonha.

Não devia ser justo esse ocorrido.



Sei que te chamaram a hora certa.

E que um ser tão boníssimo como tu.

Só sofreria nesse mundo frio.

E isso ainda acalenta minha dor.

Então espero...

Na morte natural te encontrar meu amor.

Um comentário:

Runa disse...

Doces recordações de uma ausência triste e sofrida. O destino é muitas vezes um enigma que nos abrasa a alma.

Beijos

Runa