sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Meia Noite.

O carrilhão badala meia noite.

Doze toques macabros.

Eles saem.

De suas catacumbas e esquifes.

De suas covas e umbrais.

Vagueiam uns sem destino.

Outros em busca do inimigo.

Em bandos se arrastam pelas avenidas.

E fazem algazarras como se ainda estivessem vivos.

Alguns soturnos acompanham encarnados.

Sente-lhe o cheiro do ópio, do crak, da maconha.

Mais um vampirizado que será induzido a aumentar seu vicio.

Belas mulheres em beira de esquina fazem ponto.

Junto a elas as beldades do outro lado.

Que vistas não encantam.

Só aterrorizam e espantam.

Alguns completamente dementados buscam suas famílias.

Contudo não as acham. Procuram há mais de mil anos.

Nas encruzas homens altos, bem vestidos esperam os despachos.

São seus pagamentos pelos serviços prestados.

Nos bares e botequins não se estarreçam.

Almas apenadas em frangalhos.

Bebem juntos aos usuários da cana, do uísque, da cerveja.

Nas baladas, de corpos colados, dançam os jovens.

No ritmo do sexo desvairado. Cingidos a eles muitos desencarnados.

Até que raie o dia será infatigável essa romaria.

E eu os vejo do meu canto.

E dos meus olhos corre o pranto.

Por sentir as suas dores.

Seus pesares.

Seus pendores.

Eu cansado e entristecido.

Há tanto tempo também perdido.

Retorno ao meu canto.

O túmulo onde descansa.

Meus ossos e meus sonhos.


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