segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Como guardar uma amiga.

Como se guardar uma amiga:

Dentro de uma caixinha de música.

Enrolada em papel dourado.

Enlaçada com fita de veludo.

Junto aos perfumes.

Perto dos nossos ursos de pelúcia.

No livro de poesias.

Debaixo do travesseiro.

No nosso porta óculos.

No livro que fica cabeceira da cama.

Colada ao abajur do quarto.

Na porta da geladeira.

No canteiro de rosas.

Em todo e qualquer canto.

Para que ela participe sempre da nossa história.

Uma amiga é um presente divino.

E deve ser lembrada com eterno carinho.

domingo, 29 de agosto de 2010

Amo a vida que se esvai.

Amo a vida que se esvai.

Amo tudo que ela me trouxe.

Amo todos os dias que existi.

Amo a todos os meus amores.

Amo o Sol que anuncia o dia.

Amo as nuvens se abrindo ao rei.

Amo a claridade que o Sol traz.

Amo a manhã que presente se faz.

Amo as manhãs frias do inverno.

Amo a névoa e a bruma.

Amo a chuva a bater na janela.

Amo o som da chuva ao cair na terra.

Amo os dias quentes de verão.

Amo o Sol a pino que queima a pele.

Amo o suor que escorre no corpo.

Amo o calor que amolece.

Amo o outono.

Amo as folhas vermelhas que caem ao chão.

Amo as árvores desnudas.

Amo a natureza quase morta.

Amo a primavera e suas flores.

Amo cada rosa no roseiral.

Amo as que já estão abertas e perfeitas.

Amo os brotos a se abrirem.

Amo aos que me amam.

Amo aos que não me querem.

Amo aos que me esquecem.

Amo aos que nem merecem.

Amo a tentativa de amar profundamente.

A tudo que a vida trás.

Tendo consciência que a cada dia:

A vida se esvai.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Não se perca...

Não se perca amada irmã.

Não se perca...

Nada vale tua alma.

Não se perca...

Sei quantos sofres.

Ou imagino...

Contudo não se perca.

Em desatino.

As dores são atrozes.

As marcas profundas.

E daí?

Se a vida sempre continua.

Que adianta desistir?

Não se perca...

Não tire o que te é maior presente.

Mesmo que estejas só ou doente.

Mesmo na miséria.

Ou na agonia.

Não se perca amada irmã.

Não se perca.

Que adianta a morte apressar?

Se após ela, mais viva estarás?

Tu bem sabes o que te espera.

A repetição incontável do teu ato.

A mesma dor mil vezes mil.

É um futuro vil.

Não percas tua alma irmã amada.

Há sempre uma saída, uma nova estrada.

Acalma tua revolta.

Olha ao lado e ver quantos te amam.

Reparte o que te fere.

Crês que saíra vencedora.

Frente ao destino que te leva.

No roldão do tempo.

Ouve-me amada irmã.

Não te desespera.

Pois, amanhã que sabe...

Tudo acaba.

E essa dor incomensurável do presente.

Seja só uma lembrança que desejas esquecer.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Passou.

Busquei felicidade nos meus brinquedos de criança.

Nas bonecas, nas casinhas e panelas de falso fogão.

Na amarelinha, na brincadeira de roda e de pega.

Passou o tempo e a brincadeira não me dava mais satisfação.

Busquei felicidade nos amigos.

E tive tantos que me alegraram.

Outros tantos me decepcionaram.

Passou o tempo e eles também passaram.

Busquei felicidade na beleza.

Pintei os olhos e lábios.

Calcei os melhores sapatos e coloquei belos vestidos.

Passou o tempo e o corpo envelheceu e a beleza esvaeceu.

Busquei felicidade na família.

No marido, nos filhos, nas noras e netos.

No lar que cuidava com esmero.

Passou o tempo e eles seguiram caminhos diversos ao meu.

Passou o tempo e descobri que:

A felicidade é minha não de outro.

Eu a crio com minhas ações.

Com o modo de encarar a vida.

E nunca seria feliz se não tivesse aceitado amar a mim mesma.

Com meus erros e acertos.

Com o corpo que tenho.

Com o que aprendi.

Com o que vou aprender.

Com dor ou prazer.

Sou feliz.

Enquanto o tempo passa.

Eu passo no tempo