sexta-feira, 30 de julho de 2010

Três pessoas.


Sonho em ser outro alguém.


Que tenha sucesso e fortuna.


Que seja reconhecido nas ruas.


Que seja bajulado nas lojas.


Que freqüente os melhores restaurantes.


Que saiba falar francês.


Que conheça o mundo em cruzeiro.


Que seja imensamente rico que nem saiba de todo o seu dinheiro.


Que vista as melhores grifes.


E conheça os chefes de Estados.


Os reis e rainhas que ainda existem.



Sonho em ser outro alguém.


Que de nada precise desse mundo.


Só o realmente necessário.


Uma muda de roupa.


Um pedaço de pão.


Um pouco de água.


E ser simplesmente feliz.


Feliz comigo mesmo.



Sonho em ser outro alguém.


Que tenha o necessário e o supérfluo.


Que precise trabalhar para o sustento.


Que tenha dinheiro suficiente para viver dignamente.


E que tenha amor no coração.


Para praticar com seus dotes a caridade.


Que não só pra si.


Mas, veja no outro a porta da felicidade.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Criança interior



Criança interior.

Finges que não ouves meus gritos,

Tapa os ouvidos aos meus lamentos,

Cingir de ferro teus sentimentos,

Para não sentir os meus.

Insisto na minha fala, no meu discurso,

E tu te finges de surdo.

Abano em teus olhos meus pesares.

E tu fechas os cílios em pares.

Que maldade!

Mas, te espero, na noite.

Quando teu corpo adormece.

E fujo da tua fortaleza, da tua maturidade,

Desses muros criados pela aspereza, da idade,

Desses cômodos escuros de tua alma.

E eu tua criança submergida

Posso brincar nos teus sonhos

Sem ser censurada.

Livre, feliz e sem amarras.



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quem?

Quem?

Quem passa?

Com lentos passos nessas passagens?

Quem se move tão graciosamente

Que a grama se curva para que seus pés possam tocá-las.

Que é esse que leva consigo tanta paz?

E mesmo a distribuindo entre tantos ela não se desfaz.

Que mãos se elevam sempre em benção?

Irradiando amor e cura.

Quem é este de olhos mansos?

Que expele fagulhas de amor.

Olhe esse homem.

Dos seus lábios nada saí que escandalize que maltrate que machuque.

Quem é esse ser nunca olvidado, muito amado, adorável ser de Luz.

Sei teu nome...

Mendigo dos mendigos.

É Jesus!

(autoria espiritual de Onéias. Texto psicografado).

terça-feira, 27 de julho de 2010

Faces


As faces.

Quem sabe o que vem por trás de uma face.

O bem ou mal que um sorriso esconde.

As lágrimas contidas nos olhos...

Que não escorrem pela face.

O sorriso ferino e feliz ao ver o inimigo derrotado

Encoberto por ar penalizado.

A verdade presa na boca devido ao receio...

De ser rejeitado, humilhado, abandonado.

O que se esconde atrás da aparência?

Não se sabe com os olhos,

Sabe-se com o olhar do coração,

Que decifra sentimentos, anseios, medos,

Por trás da máscara face sem emoção.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aprendizado.


Aprendizado.


Sem a tristeza que me acompanha

Há tanto tempo minha tutora

Não teria aprendido tanto

Nessa vida de poucas horas.

Essa companheira, só podia ser feminina,

Para trazer em seu útero tanto pra instruir

Tanto a ensinar.

E mesmo sem quere aprender

Suas irmãs e parceiras

A dor, a saudade, a insanidade, a quimera,

Penetra-me e me força

A saber, o valor real de tudo,

Repudiando as ilusões de fora,

Derivando do prazer nefasto

A tristeza desliza como mão em leve afago

Afastando por definitivo

Meus sonhos pueris,

Meus desejos infantis,

Meus delirios senis.

domingo, 25 de julho de 2010

Amor pleno.

Amor pleno.


Caso amasse plenamente

A dor estaria ausente,

Preenchido o vazio,

Do coração e da mente.

Não padeceria solidão,

Nenhuma tristeza então,

Nem qualquer desilusão.

Viveria para todos,

Meu tempo seria pouco,

Minhas horas cheias.

Estaria plena de felicidade,

Não haveria em mim fealdade,

Seria somente bondade.


sábado, 24 de julho de 2010

Ainda não...

Ainda não...


Afaste-se de mim!

Tu me incomodas.

Teu odor de rosas.

Teu sorriso amoroso.

Tuas alvas vestes.

Teu rosto clareado.

Teus olhos compassivos.

Tuas preces silenciosas.

Teus pensamentos ternos.

Teus sentimentos honestos.

Tuas boas intenções.

Deixa-me em minha sombra.

No lodaçal que criei.

Nessas grutas infernais

Onde me instalei.

Que pestifico com meu ódio,

Com meu desamor, com o gosto da vingança.

Bate tuas asas de prata,

Leva contigo a Luz.

Diz a Ele que ainda não é meu tempo

De render-me ao amor de Jesus.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ângelus.

Ângelus.

Ângelus que cuida da nossa Terra.

Que sobre esse orbe azul derrama amor rosa incondicional.

Ângelus mensageiro divino

Que pela eternidade recebeu a missão de enviar amor.

Aos que habitam esse planeta.

Ângelus estupendo que ilumina todos os recatos.

Todas as brenhas, todas as brechas, o pico dos montes, as águas abissais.

O coração dos homens e mulheres crentes do Divino.

A criança que ainda vê seu próprio anjo.

Os anciões que se dedicam a Deus.

Os jovens que se prestam ao bem.

Contudo, apesar de sua magnificência, seu poder, seu amor e caridade.

Chora pelas almas escurecidas que chamadas pela última vez à reencarnação.

Nesse planeta de águas.

Dada a última chance de redenção pelo amor.

Trilham, ainda, os caminhos do ódio, do vicio e do egoísmo


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Passagem.


Liberta alma das grades que a ungia.

Aberta a porta da carne que a prendia.

Encontra-se entorpecida.

Até que retorne a consciência.

Precisa o guia paciência.

Enxerga a alma sua nova morada.

O mundo das almas a abraça.

E ela sabe: morri!

E pela tela da sua mente.

Triste ou contente.

Rever sua vida.

De trás para frente.

Sua velhice se conseguiu ser anciã.

A maturidade, a juventude, a infância.

Até ser feto em ventre materno.

Avalia seus feitos e defeitos.

E chora ou ri...

Se possível abraça os que ficam em pranto.

Despede-se de todos com saudade.

E volitando com seu guia.

Parte para a grande viagem

terça-feira, 20 de julho de 2010

Precipício.

Quantas vezes, jogado ao precipício, ao abismo?

Entre as sombras que tresloucadas me agridem chorarei?

E fugindo sem ter para onde, me ocultarei na lama abençoada?

Escondendo-me dos perseguidores implacáveis.

Quantos anos passarei nessa massa amorfa de comparação de vida?

E sentirei a pouca carne que possuo doer e queimar?

E meu coração em chamas já não suportar tanto sofrimento.

Quando então minha consciência banhada em culpa

Pela morte, pelo flagelo que impus aos outros, pelo poder corrupto exercido será

expurgado?

Quantas chagas se abrirão como rosas púrpuras na pouca pele que me recobrem os ossos?

Quantas feridas, queimadura, arranhaduras ainda terei?

E mesmo assim, ainda continuarei no abismo.

Que vento fresco poderá aliviar o calor que me incendeia?

Quantas vidas ainda terei para não ter mais nenhuma?

Quantas linhas cruzarão as minhas e serei tristemente humano?

Quantas pessoas pisarão os meus caminhos, repetirão meus erros?

E mesmo que as avise não me ouvirão.

Quantos estarão comigo nos umbrais e ouvirão meus gemidos?

E até quando cheio de remorso, eu redimido

Socorrido e amparado verei...

Os irmãos do precipício enlouquecidos,

De certa forma, por mim compreendidos e amados

Não me acompanharem na remição.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mulheres e mulheres.

Há senhoras nas ruas.

De pele branca e lisa.

Sem uma ruga só.

Cheia de rococó.

Que desfila belos trajes.

De cores indefiníveis.

Feitos para ela só.

Por grande artífice.

Mulheres de porte elegante.

De mãos finas e delicadas.

De gestos todos pensados.

Gesticulo de fadas.

Com guarda-sol pequenino.

Uma finura de ser.

Um bibelô.

Uma boneca.

Um quase não ser.

Nas frívolas rodas sociais.

Falando da próxima moda.

De festas ou bacanais.

Passando pela vida.

Feito sopro primaveril.

Sem deixar marcas.

Sem contribuir.

Sem perceber que a vida não é para ser fútil.

Há mulheres nas ruas.

De roupas simples e rotas.

De mãos grossas e gastas.

Do trabalho que lhe pesa a vida.

De rosto com marcas infinitas.

De olhos cansados e fundos.

De tantas noites mal dormidas.

Mulheres do povo, mulheres da rua.

Mulheres que lutam com bravura.

Pela porção de alimento.

Para saciar a fome dos rebentos.

Que cuidam dos que lhe são caros.

Os pais velhos e cansados.

A tia que nunca casou.

Que não esquece a vizinha.

Triste anciã abandonada.

Pelos filhos esquecida e má tratada.

Existem essas mulheres.

Não são belas.

Parecem que escolheram o pior lado da moeda.

Não passam pela vida.

Vivem.

Aprenderam a ser gente.

Que cuida de outras gentes.

São velas, candeias, luminárias.

Abrindo luz em brutas trevas.

Esperanças dos que esperam.

Um auxilio.

Um pouco de amor.

E no além.

Quando frente a frente encontram-se essas senhoras.

A dama, a senhora se espanta.

A riqueza se transforma em farrapos.

E alma se quebranta.

Enquanto a mulher do povo.

Ainda em trajes simples.

Recebida é com festa.

Por toda dor que aliviou.

Há braços que abraçam.

Lábios que saúdam.

Amigos que a recebem e ajudam.

E sua alma amorosa estende as mãos...

Para dama, a senhora.

E a convida para ir consigo.

Buscar Luz no trabalho redentor.

Na doação de amor.

A todos que necessitem.