quinta-feira, 17 de junho de 2010

Três tempos.


Três tempos.

Minhas memórias me enlouquecem.

Essas tantas e incontáveis lembranças que me desnorteiam.

Como agulhas em meu seio,

Livros lidos, relidos, usados,

Gastos pelo uso, pelo tempo, quase pó,

Mas, não abandonados.

Recordações que me dizem de onde vim,

O que passei, sentir, sofri.

Só não apontam agora aonde ir.

Viver no passado inglório,

Assistir o futuro chegando,

Sem conseguir quebrar amarras de velhos sonhos.

Tortura de quem não vive

Mas, que um dia viveu.

Preso ao passado ou a futuro

Do presente, seu único tempo, esqueceu.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Degustação.


Todos buscam a felicidade.

Buscam esquecer a fealdade.

E fugirem da maldade.

Todos imaginam um dia ser feliz.

Como nos contos de fadas

Em que se escapa do mal no final por um triz.

Todos imaginam a vida perfeita.

Sem nenhuma desdita.

Sem nenhuma desfeita.

Todos desejam uma vida fácil.

Uma vida leve.

Uma vida livre.

Livre de aborrecimentos, da dor, do trabalho.

Livre da tristeza, da pobreza, dos problemas.

Livre de tudo que angústia sua natureza.

A nossa vida é perfeita.

Com dor, tristeza, angustia, pobreza.

É nossa vida, feita de encomenda, por nós mesmos.

Só aquele que compreendem a Lei natural.

Sabe que vida após vida é coisa normal.

E o que semeamos no passado.

Vira floração e fruto.

Que temos que colher e degustar.

Para aprendermos a plantar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Abençoas.

Meu Deus.

Abençoa a todos.

Que por ti clamam.

E que a ti reclamam.

Que estão felizes.

Ou infelizes.

Que sorriem.

Ou choram.

Que amam.

Ou odeiam.

Que salvam.

Ou que aniquilam.

Que criam.

Ou destroem.

Que estão na Luz.

Ou que estão nas Trevas.

Que te buscam.

Ou de Ti fogem.

Abençoa Senhor.

A todos nós.

Que somos sombra e luz.

E convivemos com os dois lados da moeda.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não sinto vergonha.



Não sinto vergonha.
Ao dizer a verdade, o que sinto, o que vejo, de forma delicada.
Ao romper meus pré-conceitos e ver o diferente como igual.
Ao aceitar um comportamento, que por diferenciado, pareça anormal.

Não sinto vergonha.
Ao olhar no teu olho e falar contigo.
E pedir desculpas quando erro.
E desculpar mesmo sem me terem pedido desculpas.

Não sinto vergonha.
De reconhecer meus erros.
E de não culpar ninguém pelas minhas falhas.
E reiniciar depois que desacertei

Não sinto vergonha.
De ganhar pouco quando faço algo bem feito.
De exercer uma profissão mal remunerada.
Quando posso exercer o bem.

Não sinto vergonha.
Por ser honesta.
Por devolver, o que acho, por não ser meu.
Por não levar vantagem em tudo.

Não sinto vergonha.
Por manter minha palavra.
Honrar meus compromissos.
Ser verdadeira.

Não sinto vergonha.
De seguir minha consciência.
De ser considerada uma tola.
Por cumprir com minhas obrigações.

Não, não sinto vergonha.
De falar do bem e do amor.
De Jesus como caminho.
E de Deus como Pai de bondade e carinho.

domingo, 13 de junho de 2010

Quem te guarda?

Quem te guarda?

Dos teus inimigos?

Dos falsos amigos?

De cair em tentação?

Quem te guarda?

Da violência?

Da força bruta?

Da desumanidade?

Quem te guarda?

Dos teus medos?

Das tuas dúvidas?

Das tuas angústias?

Quem te guarda?

De te mesmo?

Da tua sombra?

Do espectro de tua alma?

Quem te guarda?

Anjo guardião...

sábado, 12 de junho de 2010

Incômodos.


Se te dói à dor do outro... Sorri.
Pois a ti é dado o testemunho que já percorreste longos caminhos.
E tua alma, entre espinhos, aprendeu a dor da dor.

Se socorres o que estão em perigo...Sorri.
Pois construísses com teus atos de abnegação a coragem.
Que hoje tens para socorrer teu irmão.

Se te pesa a consciência quando erras...Sorri.
Pois já a tens desenvolvido a tal ponto:
Que teus pecados te são incômodos.

Se te levantas do teu conforto para auxiliar um amigo...Sorri.
Pois aprendesses o valor da amizade.
E criastes elos de solidariedade.

Se à noite, chamado às pressas pelo vizinho doente...Sorri.
Pois habituaste tuas mãos no auxilio.
E teus préstimos são sempre bem vindos.

Se incomodares, a tua sombra, com o que fazes...Sorri.
Ainda a tens para educá-la.
Para iluminar nela o que já iluminaste em ti.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ha! Amor.


Ha! Esse amor!

Amor que nos falta, que faz falta.

Amor que nos abandonar, nos deixar.

Amor que incomoda e vira queixa.

Amor que entristece e se pranteia.

Amor que envelhece e esmorece.

Amor que parte e não se reparte.

Amor que ilude e dilui.

Amor que sufoca e prende.

Amor que não ama e ofende.

Amor que dilata o coração e o enfraquece.

Amor que ofende e entristece.

Amor que desdita e desfalece.

Amor que se acaba e enlouquece

Ha! Esse amor!

Esse amor que angustia.

Esse amor que aflige.

Esse amor que atormenta.

Esse amor que dementa.

Esse amor que suplicia.

Esse amor que tortura.

Esse amor sem brandura.

Esse amor sem candura.

Ha! Amor até quando...

Até quando serás imperfeito.

Até quando serás incompleto.

Até quando serás dorido.

Até quando amargurado.

Até quando desvairado.

Até quando desvalido.

Até quando desajustado.

Até quando mal empregado.

Ha! Amor.

Estenda-se a todos o seres.

Abraces a todos os homens.

Trabalhes em boas causas.

Distribuas tuas bênçãos.

Alimentes crianças.

Ampares velhinhos.

Visites enfermos.

Abrandes a solidão dos amargurados.

Alivies sofrimentos.

E deixaras de ser tormento.

Para as almas que ainda em crescimento.

Não reconhecem teu verdadeiro raio de ação.

Todos os seres humanos sem distinção.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fico só.



Finda todas as tarefas.
Terminadas todas as conversas.
Desligadas todas as diversões eletrônicas.

Fico só.

E deitada em minha cama penso.
No dia que transcorreu.
E verifico, o mais que posso, os erros que se deu.

Fico só.

E posso averiguar minha consciência.
E descobrir a minha negligência.
Nos erros cometidos.

Fico só.

E a solidão já não me apavora.
Pois já é amiga de tantas horas.
Que facilita a leitura das minhas culpas.

Fico só.

E meu pensamento relembra com detalhes.
Todos os atos impensados.
Toda palavra mal empregada.

Fico só.

E reconheço a minha sombra.
Uma parte da qual não gosto.
Um outro eu que desejo sufocar.

Fico só.

E peço a Deus que me proteja.
Dessa mulher que não desejo.
E que comigo compartilha a minha vida.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Maternidade.


Seja minha vida a tua porta

De entrada nesse mundo.

Minhas mãos as tuas

Em labor real e profundo.

Em busca de tua alma limpa

Como um cristalino véu noturno.

Que apaga as mágoas, as tristezas,

As lembranças de antanho.

E renascendo te dou a chance

De refazer teu destino

De humano a anjo.

domingo, 6 de junho de 2010

Amor humano.


Amor humano.

Esperei por tanto tempo.

Aguardei ansiosa e excitada o grande evento.

Acreditei que um dia...

Confiei que mereceria.

Ansiei abissalmente.

Almejei por esse meu maior sonho.

Desejo, desejo, desejo,

Desilusão, desilusão, desilusão.

Queria um amor humano,

Que não existe,

Que perdurar-se eternamente,

Qual chama infindável dos infernos,

Que me queima-se o corpo e a alma,

Que não me abandonasse sequer um instante.

Amor completo, repleto, pleno.

Descobri que não há amor humano assim,

Amor humano é falho,

Ingrato,

Insano,

Fútil,

Instantâneo.

Volto em busca de Teus braços.

Do Teu abraço eterno,

Do Teu amor não finito.

Pois, Tu és verdadeiramente

Meu amor,

E só de Tu preciso.

sábado, 5 de junho de 2010

Chuva e desatino.



Chove lá fora.

Chuva fina.

E lava as ruas.

Desertas e frias.

Esquecidas e vazias.

De movimento e vida.

Escorre as águas pelas avenidas.

Pelo cimento áspero das calçadas.

Por cima dos bueiros entupidos.

Molha aos poucos as árvores e a grama.

Limpando a poeira que nelas se encravam.

Em meio à chuva nosso louco.

O louco do bairro.

O louco que não é temido.

O louco manso.

Falando com o invisível.

Gesticulando num longo discurso.

Parando, retornando os passos, fazendo meia volta e indo à frente.

A chuva não lhe molha a alma.

Não lhe renova o pensamento.

Não lhe tira da ilusão, da demência.

E ele se vai.

Pergunto-me quanto de nós somos como ele?

Loucos, presos numa existência sem sentido.

Avariando nossos corpos e almas.

Levando nossa vida em desatino.

Esquecidos do nosso destino.

A perfeição.

Para nós Plano Divino.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Eu estava lá.



Saudades de Ti.

Eu estava lá.

Saudades dos teus passos na areia.

Das tuas sandálias cobertas de pó.

Das tuas pegadas.

Que eu poderia ter seguido.

Eu estava lá...

Saudades de Ti.

Dos teus gestos serenos.

Das tuas mãos que também falavam

Com carinho quando alguém tocavas.

Curando corpo, coração e alma.

Eu poderia ter sido curado.

Eu estava lá...

Saudades de Ti.

Quando falavas no monte.

Nas margens dos rios.

Nas praças.

Nas sinagogas.

Eu podia ter te escutado.

Eu estava lá...

Saudades de Ti.

Da tua voz mansa e doce.

Das tuas palavras de consolo.

Das verdades por ti ditas.

Que eu poderia, ao menos, ter tentado entender.

Eu estava lá...

Saudades de Ti.

E um imenso remorso.

De não ter seguido teus passos.

Posto meus lábios em teus pés.

Osculado tuas mãos.

Ouvido teus preceitos.

De não ter te seguido naquele momento.

No momento da tua dor.

Do crucificamento.

Eu não estava lá.

Hoje atrasado como tantos.

Sinto saudades e rola-me o pranto.

E entre pegadas já quase invisíveis para muitos.

Sigo com minhas dores e estertores.

Teus passos Jesus nazareno.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Teu medo.


Teu medo em mim.

Reconheço em mim teu pânico.

O teu medo.

O pavor.

A triste certeza de murchar.

Pétala a pétala a resvalar.

Encarquilhada, enrugada, engelhada.

Queimada pelo Sol,

Rasgada pelo vento,

Carcomida pelo tempo.

A seiva a secar pouco a pouco,

O corpo estiolar, murchar,

Talo seco, sem vida, sem viço.

Alquebrado, abatido, acabado.

Senhor ou senhora.

Nada juvenil.

Nem sorriso, nem lágrimas fora d’hora.

Somente medo.

Da senilidade, velhice, decrepitude.

Da terceira idade.

Da ultima idade.

Do fim.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Trevas.



Que trevas espessas me rodeiam.
A que escuridão fui transportada.
Em que lugar estou desamparada.

Quem me pôs nesse canto tão escuro.
Que lugar é esse? O fim do mundo?
Que estranho ar aqui impregna.

Nada ouço a não ser eu mesma.
Nada parece existir.
Só a escuridão interminável e o silêncio a se ouvir.

Já caminhei por tantas léguas, nada encontrei.
Nenhum tipo de vida só morte.
Foi o que achei.

Que maldição abateu-se sobre mim.
Que me trouxe a esse lugar de assombro.
Que me enlouquece. Será um sonho?

Cansada estou dessa desgraça.
Suja, suada e abatida.
Grito e não sou ouvida.

Meu Deus de Ti lembro agora.
Ainda será hora.
De a ti recorrer?

Meus olhos se enchem d’água.
Minha alma em frangalhos perde o tino.
E eu há tanto tempo só em desatino.

Dobro meus joelhos ao chão.
Lembro-me de todo o meu orgulho.
Quando achava que de Ti não precisava.

Mera quimera de ser humano.
Agora presa a esse pântano.
Clamo por ti.

Errei Senhor de Ti preciso.
Sempre precisei só não dizia.
Hoje agora eu digo.

Libertar-me desse terror.
Que sei comigo, criação minha.
Acolhe minha alma em agonia.

E volvendo os olhos para o alto.
Vejo minha prece atendida.
Na luz de um anjo socorrista.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A beira do abismo.


A beira do profundo abismo.

Abismo de infinitas grutas.

Grutas de escuridão.

A beira do profundo abismo.

De escapas lisas.

Pedras pontiagudas.

Lisos descaminhos.

A beira do profundo abismo.

Onde o vento assobia triste.

E o cheiro da peste estonteia.

E o ar respirável quase não existe.

A beira do profundo abismo.

Em que almas resvalaram.

Perdidas em si mesmas.

Fechadas no orgulho.

A beira do profundo abismo.

Donde se ouve as blasfêmias.

E gritos apavorados.

E pedidos de socorro.

A beira do profundo abismo.

Que se nega a receber a Luz.

Que se fecha ao bem.

Onde a escuridão é quase palpável.

Um imenso anjo azul.

Abre os braços em cruz.

E do seu coração.

Jorram jatos luz.

Que aliviam os irmãos.

Perdidos nas trevas brutais.

No fundo do abismo infernal.

Seu canto e Luz refrigério.

Convite à redenção.

Lembranças de que existe outro caminho.

O caminho do amor ensinado pelo Nosso Senhor.

Jesus.