quarta-feira, 31 de março de 2010

Visão.

Obrigado Senhor!

Hoje acordei e pude ver a luz do dia.

Pude apreciar a beleza do Sol,

O céu azul claro onde brincava pequenas nuvens,

Pássaros urbanos pousados nos fios de telefone,

Àrvores de tremulantes folhas ao vento.

Apreciei as pedras no jardim,

As flores comuns da espirradeira em cores variadas,

O cão que dormia aos pés da minha cama.

Os meus que ainda dormiam.

Eu vi.

Obrigada Senhor!



segunda-feira, 29 de março de 2010

Herança.

Herança.

De tudo que fiz e não fiz

Herdei os resultados.

Alegres ou tristes,

Aviltantes ou dignos,

Demoníacos ou Angelicais.

Todos enfim, foram, na verdade muitos preciosos.

Heranças que me ensinaram o prazer e a dor

De ser o que sou.

De ficar como gosto

De mudar o que quero e posso.

Minha herança, só minha, eu a plantei

Hoje a colho.

Não há, pois, o que chorar

Não há, pois, o que comemorar.

É somente a Lei a se realizar.


domingo, 28 de março de 2010

Como é tarde?

Como é tarde?

Se a tão pouco nasci.

Ainda ontem era menino

De pipas e pião.

De pega e esconde.

Rapazote de bermudas

Boné a encobrir os olhos.

Barba rala igual ao bigode.

Jovem, jovem...

Nas bancas de estudos

Nas noitadas, boêmia

Nos braços de lindas senhorias.

Homem jovem casado

Esposo, pai, amante.

Como é tarde?

Não percebi o tempo a rolar.

Nos ponteiros do carrilhão

Toca a hora finda, final.

Nenhuma grande obra,

Nenhum sonho realizado,

Só a pequena vida cotidiana.


sábado, 27 de março de 2010

Estranho.

Estranho.

Ser estranho esse no espelho

Que me olha com tamanho esmero

Lembra-me alguém... Não sei quem.

Bem estranho

Nos seus olhos não tem brilho

São secos, tórridos, esquisitos

Olhar de lunática entorpecida.

Quem é afinal?

Que parece tão antiga

Como as faces da Lua

Com suas crateras e rugas.

Que ser estranho. Bem estranho.

Quando me apresento frente ao espelho

Ela chega sorrateira.

Às vezes sorrindo, às vezes sisuda.

Nada fala, não me ouve, deve ser surda muda.

Não tenho tempo para alheios

Os afazeres me clamam

E eu sigo

E segue-me sempre esse estranha.



segunda-feira, 22 de março de 2010

Consciência.


Consciência.


Desisti?

Nunca!

O Sol todos os dia “morre”

Para renascer o amanhã.

A Lua míngua até sumir

Para refazer seu ciclo e se tornar cheia de si.

No outono, as folhas caem

Mortas parecem às árvores

Na primavera enchem-se de flores.

Os rios secam

Quando da época das chuvas

Seus leitos recebem novas águas.

Animais adormecem por muito tempo

Para depois ressurgirem na natureza.

Desistir?

Nunca!

Existe vida

Mais vida que pensamos

Desejo e vontade.

E se este corpo cansado me abandona

Encontrarei outro que me receba.

domingo, 21 de março de 2010

Escolha.


Escolha.


Abandona a mim filho?

Nesse lar que não é o meu.

Esquece-se de mim?

Como de um objeto que há muito perdeu.

Enevoa tua consciência com desculpas vãs.

Tenta não se lembrar do que fui para ti.

Teu aconchego antes da chegada.

Tua fonte de alimento.

Teu abrigo.

Os braços abertos sempre.

A compreensão dos teus erros, teu perdão.

Tua companheira solitária.

A que sempre sofria contigo e por ti.

Esquece-me filho...

Sou um fardo pesado.

Um problema sem solução.

Peço a vinda da morte.

Libertando-te então.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sonhei ser feliz.


Sonhei ser feliz.

Mora em um castelo encantado.

Com um imenso dragão como vigia.

Guarda enlatados em armaduras.

Um arco-íris permanente no céu

Por trás de minha morada.

Nos jardins flores de todas as cores

Arbustos coloridos

Cortados de formas mimosas.

Gentis servos felizes.

Roupas de fio de ouro.

Tiara de diamantes.

Beleza e saúde constante.

Um adorável príncipe me amando.

Descobri tudo como sonho

Na realidade

Há mais cor na vida,

Mais aventura,

Mais doação,

Mais felicidade,

Pulsar e emoção.

Que o sonho da perfeição.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Certeza.

Certeza.

Caminhas teus passos lentos

Já não lembra o jovem que corria

Pelos campos e ruas.


Em tua face

Ainda brilham um par de diamantes azuis.

Que já não vê a vida como dantes

Cheia de aventuras.

Hoje vê os mistérios de toda criação e criatura.


Tuas mãos já não são fortes

Elas tremem delicadamente

Lembrando-te da fragilidade de cada coisa.


Recordando-te

Que a vida não se agarra, com garras

Mas, a toma-se nas mãos feito colibri

Sabendo-se que uma hora o deixará ir.



terça-feira, 16 de março de 2010

Meu papel.


Dei a todos o que pude

Se foi pouco sinto muito

Mas, foi o que pude dar.

Não enchi sacos de moedas,

Não passei horas ao leito do irmão desconhecido,

Não visitei os apenados,

Não cobri de amor os filhos pequenos da rua,

Não matei a solidão dos velhinhos dos abrigos.

Passeia a maior parte de vida no trabalho

Na manutenção do meu lar.

Criando meus filhos para o mundo.

Apoiando meus pais envelhecidos,

Deles cuidando

Até seus desencarnes.

Era muito que fazer.

Deveria ter sempre tudo em dia

E o trabalho era maior que as horas.

Não, não sei se mereço o céu.

Mas, sei que cumpri, na Terra

O meu papel.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Amiga tanto tempo.

Amiga tanto chão entre nós.

Não há mais tempo juntas para sorrir.

Poucas palavras entre mim e ti.

Ficam as lembranças.

De como foi o ontem juntas.

E o desgosto de ter a vida separado nossos corpos

Enquanto ainda havia amizade em nossos corações.

Saudades muitas.

Às vezes risos de lembranças.

Lágrima de quem não te esquece.

Havia magia ao saber que se podia contigo contar.

E hoje ao longe

Resta-me de ti lembrar.

Sabendo que mesmo ao longe

Ainda somos amigas e irmãs.


domingo, 14 de março de 2010

Á janela.


Sempre pareço estar à janela.

Vendo passar a vida.

Passando por ela.

As cortinas que balançam com o vento

Que deveriam apagar minhas pegadas

Que não existem.

Estou à janela olhando o tempo.

O tempo que passa e me consome

O tempo que me resta e me corrompe.

Estou à janela.

Esperando por algo que não sei

Que não espero

Que aconteça o que desejo.

Desejo que não tenho.

Pois, vivo à janela

À janela da vida

Não atravessei a porta

Não vivi, não vivo, não viverei.

Fico só a janela.

sábado, 13 de março de 2010

Anjo bom não me esqueça!



Anjo bom não me esqueça!

Apesar de tanta maldade

Habitando meu coração.

Apesar de tantos erros

Cometidos no caminho.

Apesar de eu mesma

Ter de ti esquecido.

Ah! Anjo bom não me esqueça!

Errei tanto,

Menti muito,

Enganei, trapaceei,

Busquei facilidades,

E nelas felicidade.

Todavia não encontrei.

E hoje de joelhos perante a morte...

Anjo bom não me esqueça!

Leva-me dessas dores,

Dessa pobreza,

Dessa miséria,

Dessa vida insana.

Envolve-me em tuas asas

Quem sabe assim, a minha alma descansa.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mutação.




Mutação.


O que fazer?

Ao encontrar em si...

Orgulho...

Inveja...

Ingratidão...

Avareza...

Tristeza...

Solidão...

Maldade...

Malicia...

Simulação...


O que fazer?

Um pedido...

Uma reza...

Uma novena...

Uma oração...

Um poema...


Ou melhor...

Uma reforma...

Uma limpeza...

Uma faxina no coração.


Acolhendo tudo o que é nosso

Com piedade cristã

Transmutando...

Modificando...

Moldando...

O negativismo

Em boa ação.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sina.


Sina.
Minha tão fatal.

Acaso.
Esqueceu de mim a sorte.

Destino.
Severo me guarda.

Fado.
Pesado as costas.

Sorte.
Que não me beneficia.

Estrela.
Que não brilha.

Fortuna.
Ter encontrado.

No meu ser
A Fagulha Divina.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Caso solucionado.


 
CriDesPar - Movimento Nacional em Defesa
Da Criança Desaparecida do Paraná


Nossa Luta... Continua!"
Arlete - Mãe do Guilherme


Leandro Corrêa desapareceu em 1987 aos 3 anos. Um mês após seu desaparecimento foi encontrado um crânio infantil cerca de 1.00 metros do local do desaparecimento e junto estavam as roupas que o pequeno Leandro vestia. Como não havia o restante do corpo e a mãe não aceitou que era seu filho, acreditando que estava ainda vivo e fora roubado, sendo que em 1994 o caso foi arquivado.

Porém o SICRIDE, órgão incansável na busca de nossas crianças, através de sua Delegada a Dra. Ana Claudia, revendo os casos dos desaparecimentos no Paraná, resolveu solicitar o envio daqueles restos mortais ao IML de Curitiba, a fim de solicitar um exame de DNA (Oficialmente começou a funcionar no Sul do país em 1990/1994). A mãe de Leandro, Sra. Djanira, concordou em submeter-se ao exame fornecendo seu sangue. Apesar da demora, agora chega o resultado confirmando ser aquele crânio, pertencente ao seu filho.

Caso solucionado! Lamentavelmente a solução deste caso, tira o "fio de esperança", ainda existente no sofrido coração daquela mãe; de que, seu filho Leandro, ainda estivesse vivo!
(Abaixo nosso cartaz).

"Agradecemos aos nosso parceiros das Concessionárias de Rodovias do Paraná, todo o apoio que recebemos na divulgação das fotos de "nossas crianças", solicitando a retirada da foto do pequeno Leandro, das bobinas de pedágio".

Marília R. Pombo Marchese
Coordenadora
LEANDRO CORRÊA
3 anos

Nascimento: 13.02.87
Desaparecimento: 22/05/90
Local do desaparecimento: Roncador – Paraná – Brasil

Nome mãe: Djanira dos Santos Correia
Nome do pai: João Vanderley Correia

Características: cor branca, olhos castanho claro, cabelos loiros.
Histórico: Sua mãe estava quebrando milho na Fazenda São Jorge. Deixou o menino no berço cerca 50 mts. de onde estava, por 10 minutos. Ao retornar não mais o encontrou.

Destino.


Destino.

Destino minhas palavras

A quem ouve.

Minhas letras

A quem ler.

Minhas estórias

A quem escuta.

Minhas verdades

A quem interessa.

Minha vida

Aos que amo.

Minha alma

Ao Pai/Mãe.



terça-feira, 9 de março de 2010

Eu.


Eu.


Amo o caminho

Não a estrada.

Passo, a passo sozinho

Nas eiras, beiras e matas.

Trago comigo o brilho

Da estrela no céu intangível.

Das esquinas, ruas e becos

As flores brotando, no asfalto, desafio.

Sou eu, eu sou, ser

Vulnerável capa de carne

Que falece e fede.

Só o que sou é infinito

Espírito andarilho

Nas vias de leite

Branca.

Láctea.

Infinita.

Infinito.

Eu.


segunda-feira, 8 de março de 2010

Infância.



Da doce infância trago saudades.

Dos barcos de papel em dia de chuva forte.

Da busca de gafanhotos no matagal.

Do areal cinza quase do tamanho do mundo.

Das historias da irmã à noite.

Dos brancos braços da mãe apertando-me.

Da voz chorosa de vovó ninando-me.

Do imenso corredor povoado, à noite, por fantasmas.

Dos bonecos de louça branca intocáveis.

Das saúvas em marcha ininterrupta a roer folhas.

Das histórias sobre o mar e os padres desaparecidos.

Do cheiro de melancia que nos fazia sair d’agua marinha.

Das águas vivas, borbulhas, na areia.

Do leve riso zombeteiro da primeira amiga.

De andar de cavalinho nas costas do meu pai.

Dos natais pobres.

De pouco presentes.

De estarmos juntos.

A porta da casa ouvindo estórias de terror.

Da doce infância trago saudades.

Mas, não mais, trago dor.

domingo, 7 de março de 2010

Flor de Jasmim


Flor de Jasmim


Flor de Jasmim
Brancas pétalas
Cintilante marfim.

Cheiro de flor
Inesquecível
Odor.

Traz a lembrança
Canções, cores, sons
Amor.

Flor de jasmim
Balança ao vento
Constantemente.

Pena ver-te ao Sol
Inclemente
Ferido-a profundamente.

Murchando sua pele
Retalhando pétala, flor
Agonizante, aniquilada

Extinguida a vida
Suprida, finda
Caí ao solo

Beleza finda.

sábado, 6 de março de 2010

Grilhões.

Grilhões.

Quem dera ser a estrela
Brilhante, linda, faceira
No topo do céu
Cintilante.

Quem sabe a nuvem
Passageira
Que esconde a Lua
Quase inteira.

Ou mesmo a Lua
Branca azulada
Com aro de Sol
Dourada.

Podia ser o risco flamejante
Do meteoro
Errante
Agora e sempre andante.

Quem sabe poeira cósmica
Inundando a tudo
Favorecendo a todos
Criando.

Mas, sou terreno viajor
E neste momento encontro-me
Agrilhoado a Terra
Preso por cordões de amor.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Infinitamente.


Infinitamente.

Quem nunca
Amou
Sofreu
Sentiu dor
Experimentou saudade
Suportou padecimentos?

Quantos
Sonharam
Criaram castelos no ar
Projetaram
Imaginaram
E viram seus sonhos despedaçados?

Qual de nós
Ainda não chorou
Entristeceu
Ficou só
Não se lamentou
Em condições deploráveis ficou?

Há entre nós quem nunca
Sorriu ternamente
Uniu esforços
Estendeu a mão
Superou problemas
Venceu batalhas?

Será que existe um homem
Que não se encante pelo nascer do Sol
A Lua amarela nascendo ao mar
O sorriso do rebento
O abraço do pai em contentamento
O beijo do ser amado?

Alegrias e tristezas
Choros e sorrisos
Ganhos e perdas
Idas e vindas
Inicio e terminação
Infância e velhice.

A Roda da Vida
Que roda sem parar
Num Universo que sente
Repete infinitamente
Incansavelmente
A respiração de Deus.



quinta-feira, 4 de março de 2010

Melodia.

Melodia.

Um acorde
Prenúncio de melodia
De canto
De poesia.

Som no ar
Lembranças
Sonhos

Flautas
Violas
Harpas
Violinos.

Partituras de existências
Alegria
Tristeza

Chegadas
Saídas
Bela e harmoniosa
Vida.


quarta-feira, 3 de março de 2010

Último olhar.


Último olhar.

Se eu pudesse

Refazia todo o meu caminho

Andaria com menos pressa

Admiraria cada flor,

Ouviria o canto da passarada,

Observaria o por do Sol,

E a Lua nascendo grande e amarela no mar.

Contemplaria as paisagens urbanas com suas cores e estragos,

E os canaviais balançando ao vento como imensas cabeleiras verdes.

Olharia com encanto para cada olhar,

Responderia com brilho nos olhos cada gentileza.

Fui cego a tanta bondade, tantas maravilhas...

E ao fechar os olhos pela última vez

Concedes-me vê tudo o que não quis olhar.

Para alegrar meu coração.

terça-feira, 2 de março de 2010

Errei Senhor!

Errei Senhor!

Em cada pensamento inútil.

Em cada ato impensado.

Em cada palavra brusca.

Em cada silenciar cômodo.

Em cada vez que fechei a mão, os olhos, à porta.

Em cada sorriso negado.

Em cada ajuda não prestada.

Em cada risada sarcástica.

Em cada momento que me esqueci de Ti.

Em cada momento que não te fiz de modelo.

Em cada momento que não segui o que me ensinaste.

Errei.

E hoje abertas às chagas em minha alma.

Imploro-te nova chance.

Para refazer todos os momentos em que não amei.


segunda-feira, 1 de março de 2010

Verdade única.



Verdade única.

Na solidão,

No silêncio,

No escuro,

Na dor,

No desespero,

Na tragédia,

No holocausto,

No horrendo.

Nesses brutais momentos

Em que o homem e o animal se fundem.

Teus braços me esperam,

Teu colo me aguarda,

Tuas mãos enxugam minhas lágrimas,

Tuas palavras me aliviam,

Tua sabedoria me conforta,

Tua paz me preenche.

E eu sei

Que és a única Verdade.