quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Último ciclo terreno.





Último ciclo terreno.


Restou

Restos de nada

A beleza que se foi

São rugas que se acham.

Pele fina

Nenhum músculo.

O sorriso de menina

Já não tem o frescor matinal

Os dentes amarelaram

Outros me abandonaram

Lábios murcharam.

Os cabelos de graúna

Embranqueceram

Encurtaram

Emaranharam-se num eterno coque ancião.

As ancas

Tornaram-se linhas férreas

Rígidas, sem curvas que não atraem.

Já não existem curvas.

Os seios belos e empinados

Descansam murchos sobre o tórax

Encostando suas auréolas num ventre flácido

Não servem para amamentar

Nem para embelezar.

As pernas grossas, limpas, ligeiras.

Afinaram

Encheram-se de varizes e sinais

Restringem-se a pequenos passos lentos.

Enfim, envelheci.

Estou no fim do ciclo

Ciclos que vivi e aproveitei

Vida que agradeço

Em todas as suas fases

Mesmo a velhice

Que me trouxe sabedoria

Uma nova beleza.

Paciência, bondade, tolerância, consciência real

Que tudo passa

Mas, nada é destruído.

Só transformado,

Transformado, transformado...

(visite:
Poemas e Encantos II )

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