sábado, 16 de fevereiro de 2008

Visão

Em meio às águas.


Em meio à furiosa tempestade marítima

Banhado por ondas gigantescas e bravias.

Balança a nau sem parecer ter refugio.

Ao gosto dos ventos que a empurram ao seu bel prazer.

Perdeu o timão o seu comandante.

E os marinheiros esperam silenciosos o fim.

O tormento da espera pela morte certa.

Os braços do oceano.

Que já lhe sustentara a vida.

Que lhe dera os peixes.

A manutenção da família.

Mas, agora rasga suas esperanças de retorno ao lar.

Surge o mais velho deles com algo entre as mãos.

Um antigo quadro do Cristo.

Que servia de decoração.

Um cristo morto naqueles corações.

Inicia, o velho marujo, a única oração que sabe.

Dos olhos brotam águas salgadas.

Salgadas como a água do mar.

Os companheiros que estavam em silêncio são tocados nos resquícios de sua fé.

E acompanham o velho marujo em sua oração.

No meio da tempestade uma luz de esperança inicia a brilhar da antiga embarcação.

E se expande.

Como se quisessem participar daquele ato.

Os espíritos marítimos se calam.

As ondas se acalmam.

A chuva torna-se fina, rala.

E por um momento fugaz.

Pareceu ao velho marujo.

Ver alguém andar sobre as águas:

Jesus.


(visite:
Poemas e Encantos II )

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