quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Movimento.

Na minha infância, estavas sentado em um trono nas nuvens.

E acima de todos os astros comandava os céus e a Terra.

Teus arcanjos estavam ao seu lado tocando a música das esferas.

Cantando hinos ao teu louvor.

Ao dormir orava ao meu anjo.

Pedindo pelos meus pais, irmãs e avó.

No final arrematava uma bênção ao papai do céu.

Cresci.

Na adolescência havia tantas coisas.

Tanto a fazer, tanto a conhecer, tanto a aprender.

Que esqueci um pouco de Ti.

As minhas orações já não eram diárias.

Amadureci.

E veio a universidade, os estudos, o diploma.

As pequenas farras de estudante.

Os problemas políticos e sociais dos pais.

Tanta ocupação...

Marx não me parecia um crente.

Chegou o casamento, o filho, o emprego.

A corrida para manter, sustentar a casa.

Os pais doentes e envelhecidos.

Médicos, exames, consultas, internamentos.

Tanta coisa.

Não dava tempo para Ti.


Envelheço.

E Tu me pareces ainda está a comandar o Universo.

Ainda há coisas a fazer, a conhecer, a aprender.

Ainda há o que estudar.

Existe a diversão e a brincadeira.

Os políticos e os problemas sociais parecem me atingir mais profundamente.

Comigo estão o cônjuge, o filho, a mãe idosa.

Marx já não chama tanta atenção.

Só que hoje...

Eu tenho tempo para Ti.

E te procuro em tudo que faço.

E tento te agradar em tudo que construo.

E busco sua presença em todos os lugares.

Contudo; todos esses anos longe de Ti, esquecendo de Ti, fugindo de Ti,

Fazem-me padecer de uma aparente falta de Ti.

E por isso mesmo com tantas coisas a realizar...

Sinto tua falta.

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